quinta-feira, 2 de maio de 2013

Como NÃO fazer Carreteiro

Feriado, dia de retomar a leitura e aproveitar o que tinha em casa já que todos os supermercados estariam fechados. Com um bom pedaço de carne de Churrasco, pedi ajuda à Dona Benta para achar a receita de um carreteiro (já que a de chimarrão tem!) e qual não foi a minha surpresa quando vejo que a receita é de qualquer coisa, até risoto, menos de carreteiro!
E o erro começa logo no primeiro ingrediente: carne seca.
Carreteiro é basicamente arroz temperado e só pode ser feito como duas opções de carne: charque ou sobra de churrasco. Tá, uma linguiça talvez possa ser aceita... Como o próprio nome sugere, a comida tem o nome do ofício daqueles que a desenvolveram, os carreteiros, responsáveis por levar no meio de transporte da época - as carretas - toda a sorte de produtos, incluindo mantimentos. Por fazerem isso por longas distâncias, a receita surgiu como uma forma de se aproveitar as sobras das carnes assadas em alguma parada ou o charque, carne gorda salgada de forma a conservá-la, permitindo o consumo futuro.
Naquela época, certos cortes eram conservados em latas de banha, o que nos leva ao segundo erro do livro: o sugerido uso de azeite de oliva. O carreteiro era feito com banha ou manteiga, pois eram esses os ingredientes existentes e disponíveis. 
Os ingredientes seguintes, arroz, cebola e alho estão corretos, mas o tomate jamais seria picado sem pele e sem sementes. Voltemos às origens da receita - é impossível pensar que alguma parte dos tomates seria desperdiçada! Aliás, o tomate é usado,  mas não é essencial. 
O modo de preparo não está errado, mas o pior de tudo foi  guardado pro fim: Sirva como acompanhamento para churrascos. Nesta única expressão encontramos dois erros grosseiros!!! Primeiro, Churrasco não tem acompanhamento, muito menos de arroz! No máximo, são servidos aperitivos como linguicinha, coração de frango, salsichão e uma farinha de rosca também pode ser bem vinda. Mas arroz? Não sei de onde surgem essas coisas... Segundo, o carreteiro era a forma dos tropeiros produzirem a refeição em uma única panela. Ou seja, carreteiro se serve com carreteiro. Ponto. 
Bom, pra quem quiser, aqui tem uma boa receita e modo de preparo. 

Buenas, tchê! Te aligera que tá pronto!

2 comentários:

  1. Buenas, tchê! Te aligera que tá pronto!
    Essa foi a melhor frase que li nos últimos tempos!
    O bom é que o corretor ortográfico diz que tudo está errado! hahahaha

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    1. mais errado que fazer carreteiro de carne seca não tem, ne?! quase morri olhando, li várias vezes pra ver se eu que não tava entendendo alguma coisa! Parece que essa Dona Benta foi criada em apartamento...

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