domingo, 2 de junho de 2013

Sardela

Quem acompanha o blog sabe que ele nasceu de uma amizade.
Não foi o prazer pelas panelas ou a vontade de resgatar as origens culinárias que me fizeram procurar um nome e aprender a usar essa mídia, mas as inúmeras conversas por telefone sobre os sabores (na época, basicamente de vinhos) e suas combinações com uma amiga que, mesmo a mais de mil quilômetros, faz com que meu dia a dia tenha família.
E numa dessas degustações telefônicas, ela me fala: "temos que fazer uma Sardela, vê se não tem aí (na Dona Benta)". E tinha. E fizemos, porque o prato não é só de quem mistura os ingredientes, mas de quem dá ideia, de quem tá contando o dia enquanto a gente doura o alho.
Apesar das suspeitas, com este nome, o aperitivo é mesmo brasileiro. Mas a história dele é italiana. A receita surgiu na Calábria, onde era preparada com um outro tipo de peixe em conserva, pimentões e especiarias. Com a imigração, o Brasil adotou as tradições e deu uma 'adaptada', passando a usar sardinhas - muito mais disponíveis e baratas - e batizou o prato com o nome do peixe, em italiano.

Não tenho absolutamente nada contra as versões prontas que encontramos facilmente nas delicatessens, mas acho que é o tipo de receita que tem uma história tão legal que merece ser feito num final de semana qualquer para podemos ter sempre pronto em casa, para aqueles momentos em que recebemos alguém querido sem muito planejamento ou quando marcamos de ir jantar na casa de amigos e não queremos 'chegar sem nada' - sem precisar recorrer aos industrializados.
Por esta razão é que eu segui direitinho o livro, substituindo as anchovas por sardinha, de modo a preservar ao máximo a ideia originária. 
Primeiro, é feito um purê no liquidificador com uma lata de tomates sem pele (uns 200 gramas) e dois pimentões grandes bem vermelhos (quase 700 gramas), lavados, sem as sementes. Espiando o liquidificador, dá pra ver que fica uma cor linda e com um cheiro incrível!
 
Na panela, coloquei 1/3 de xícara de azeite de oliva para esquentar e dourar levemente três dentes de alho picados. Junta-se uma colher de sopa de orégano e uma de chá de pimenta moída na hora, refogando-se por mais ou menos um minuto. Aqui se colocaria a erva doce, mas como não curto, deixei de fora sem cerimônia!

Depois é só juntar o purê e deixar no fogo por aproximadamente uma hora, com a panela semi tampada.
Como fiz na panela de barro, controlei para que ficasse no fogo por 40 minutos, porque ela mantém muito bem o calor e mesmo depois de desligado, continua cozinhando um tempão. Bom, passado esse tempo, junta-se uma lata de sardinhas em azeite bem amassadas, uma pasta, na verdade - eu gosto de tirar a espinha - e mais uma colher de sopa de orégano.
Deve ficar um creme bem espesso, quase sem líquido. Essa é a hora de acertar o sal, que eu achei por bem colocar uma colher de sobremesa.
Mais um terço de xícara de azeite, umas boas misturadas e já dá pra desligar.
O ideal é servir depois de frio, então podemos guardar em vidros pequenos na geladeira, preservando ainda mais o sabor, porque aí só abrimos na hora de servir, acompanhando torradinhas, biscoitos salgados, queijos e uma tábua de frios. E uma boa Pale Ale, né?
Se quiser dar uma leve esquentada, também fica ótimo sobre fatias de pão dourado no azeite de oliva.

3 comentários:

  1. Boa Lívia,
    Este livro da Dona Benta sempre me salva, aprendi a fazer moqueca com ele!
    Evandro

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    1. Faz aí e me conta, Evandro!!
      Como dá pra ir escolhendo por ingredientes, sempre acho uma ideia nova, ou a reciclagem de uma antiga...

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